O porquê.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014


Eu escolhi o curso com vestibular de maior nota de corte, maior concorrência e uma das maiores cargas horárias, eu escolhi uma profissão que paga o que muitos levam anos para conseguir, uma quantia que eu, como médica, poderia ganhar em uma semana. Escolhi brincar de Deus e lidar com a vida das pessoas, uma profissão que ao mesmo tempo que nos dá o prazer de um "obrigado" da família e do paciente, pode nos dar processos e choros incontroláveis. Esse caminho que eu escolhi vai ser cheio de altos e baixos, vai ser difícil de entrar, difícil de se manter e difícil de sair. Esse caminho vai me fazer passar noites em claro, horas em pé, dias me perguntando porquê não escolhi algo "mais fácil". Eu sei disso. Também sei que muitas vezes eu vou querer passar a noite com a minha família, mas terei que correr para ajudar um paciente, muitas vezes, terei que tomar decisões difíceis, desde fazer plantão num aniversário de casamento à fazer ou não uma cirurgia de risco. 
Mas deixa eu contar uma coisa: Esse caminho é lindo DEMAIS. Aliviar a dor das pessoas, parar o sofrimento, salvar vidas. ISSO É INCRÍVEL. Sabe o que mais é incrível? Ver seu nome na lista de aprovados do curso do seus sonhos, entrar no laboratório de Anatomia pela primeira vez, vestir um jaleco branco, finalmente escolher a especialidade, fazer o primeiro plantão, ser chamada de "doutora", pegar num bisturi, passar uma receita, descobrir um diagnóstico complicado, dar boas notícias, descobrir que você achou um lugar no mundo que realmente precisa de você, um lugar onde as pessoas vão procurar por você, vão precisar da sua ajuda. 
Quando você pensa em paraíso, o que vem à sua mente? Posso contar o que vem na minha? Quando eu penso em paraíso, penso em um imenso corredor branco com uma porta no final, eu, correndo e empurrando uma maca com um paciente em estado grave, passo pela porta e entro no Centro Cirúrgico, me lavo, me visto e começo uma longa cirurgia, daquelas de 10, 15 horas... Salvo o paciente. Saio exausta do Centro Cirúrgico e vou até a sala de espera, encontro a família do meu paciente e conto como ele chegou no hospital, o que foi feito e que eu o salvei. O auge do meu paraíso é esse, eu contando à família que consegui salvar a vida do filho, pai, marido, avô, amigo; o paraíso é um simples sorriso de agradecimento e alívio da família pra mim, é a sensação de que eu tive uma vida nas minhas mãos e fui capaz de salvá-la. Isso é o paraíso pra mim. 
Muitas pessoas já me perguntaram se eu quero mesmo cursar Medicina, muitas falam pra eu mudar de opção de curso, e confesso, já pensei em mil e uma profissões diferentes, mas a unica que me faz arrepiar, sorrir sozinha, chorar, me faz querer viver, é a Medicina. Sabe quando você nasceu pra algo? Você sabe de todas as dificuldades que vai ter, mas no final, vai valer a pena. Você ama tanto uma coisa, que se pudesse, faria de graça. Não é pelo dinheiro, muito menos pelo status. Se eu pudesse, faria Fotografia, Publicidade, Jornalismo, Moda, Odontologia, Letras, História... Mas seria como trair à mim mesma. Eu tento gostar de outra profissão, mas a unica que me faz perder o fôlego é a Medicina.
Hoje eu tenho 16 anos, porém, nesse mesmo ano presto ENEM e todos os vestibulares para faculdades de Medicina em São Paulo. Eu tenho 16 anos, eu ainda nem me formei no Ensino Médio, eu ainda nem fui numa rave, eu ainda nem fiz um mochilão, ou fiz um mosh, ou fui à uma festa do pijama, poxa, eu ainda nem dormi olhando as estrelas. Se eu não passar nesse ano, tudo bem, não tem como fugir do destino e eu sei qual é o meu.
Texto longo, mas eu precisava disso. As pessoas precisavam ler isso, e entender que: Medicina é o meu sonho, é o meu desejo mais forte, é a minha força, a minha inspiração, é aquilo que eu penso e imagino antes de dormir. 
Que 2014 seja um ano cansativo, de muito esforço e noites em claro, um ano cheio de livros e pesquisas, um ano lotado de vestibulares e simulados, um ano estressante e exaustivo, e que 2015 seja o ano da minha aprovação, gritos de comemoração, trote e ingresso numa universidade, seja pública ou particular, porque afinal, o meu sonho é ser MÉDICA, não universitária. 

Coisinhas.


Faz um tempinho que eu não escrevo aqui e devo confessar, por pura preguiça. 
Eu tenho dificuldades em manter algo como um blog, me sinto na obrigação de postar todos os dias e isso me desanima, por isso, os 30 e poucos dias sem nem fazer login.
Pois bem, janeiro foi bleh, fui assaltada, acordei 14h todos os dias, montei uma rotina de estudos e fracassei ao cumpri-la, fiz 8 meses de namoro, entrei na Etec, saí da Etec, voltei pra escola e conheci 2 pessoas novas. Obrigada por me surpreender janeiro, e que isso não se repita.
Enfim, esse é um post rápido só pra dar um alô e partir para o que eu realmente quero falar aqui. E claro, para esclarecer que: Eu sou vestibulanda de Medicina, eu tenho um namorado e uma grande necessidade de dormir mais de 8 horas por dia, então, tudo o que não for meus estudos, namorado e sono, fica em segundo plano, o blog? A baixo disso. Eu criei esse blog para me expressar, naqueles dias de TPM, de tristeza, aqueles dias que eu to com algo entalado na garganta e os 140 caracteres do Twitter não são o suficiente, aí sim, o blog é perfeito pra mim.
Desculpa, e obrigada por entender. 

O lado cinza de São Paulo

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014


Aê, 2014!!! Feliz Ano Novo à todos. E olha só, primeiro post do ano, infelizmente, não um post feliz.
Eu passei o réveillon deste ano com o meu namorado, aqui na minha cidade mesmo, e apesar de tudo, foi legal, só de ter a companhia dele e me sentir numa família, foi bom. E gostei de começar um ano que eu acredito que vá ser um dos melhores da minha vida, ao lado de quem eu amo. ENFIM, o posto não é sobre isso, mas sim sobre uma coisa chata que vocês estão cansados de ouvir na tv, jornais e da sua mãe: Violência em São Paulo.
Eu moro na Grande São Paulo, mas a violência é no geral, da periferia à zona sul, nenhum lugar é completamente seguro, ninguém é 100% confiável, e nós, nunca estamos imunes a um assalto. Sim, assalto. Mas quem sai pra roubar em pleno 1° de janeiro, às 7h30 da manhã? Talvez eu tenha dado azar, talvez foi o destino, talvez eu não nasci pra trocar de celular, sempre roubam eles antes que eu compre outro.
Eis a historinha: Eu estava na casa da família do meu namorado, viramos a noite e saímos de casa cedo, ele estava esperando o ônibus comigo, ia me trazer em casa, ok. Nós estávamos morreeeendo de sono, eu mesma estava abraçada com o poste e nele porque não aguentava ficar parada, até que, vêm este cara, uns 18, 20 anos talvez? Ele nos conta como foi a virada dele, que ficou com mulheres, bebeu, fumou maconha, brigou, foi preso... E pergunta se temos dinheiro, falamos que não, então ele tenta nos vender um celular (provavelmente roubado), dissemos que não temos dinheiro, ele continua conversando até que chega mais perto e diz que vai ter que levar meu celular, só eu estava com celular, meu namorado não, então eu gelei, mas não fiquei com medo, foi mais um “droga, mais um celular roubado”, eu dei pra ele sem discutir, sem falar nada, como se fosse um presente. Como se eu quisesse dar a ele.
Não sei, quis compartilhar isso aqui, não consigo parar de pensar nisso, não consigo parar de mentalizar mil e uma possibilidades de ter reagido, de ter fugido, de ter dito “não!”, então eu penso, e se esse cara tivesse machucado a mim ou ao meu namorado? Que começo de ano seria esse? Graças a Deus estamos bem, fisicamente estamos perfeitos. Mas e o medo de sair por aí e ser assaltada novamente? Eu não me sinto a vontade vivendo em um lugar que eu não posso ter algum bem material, que pode ser tirado de mim a força A QUALQUER MOMENTO. No primeiro dia do ano! Na calçada de casa!
Eu nasci e cresci em São Paulo, mas só de uns 2 anos pra cá fui ter uma real noção do quão má as pessoas são. Tirar algo que alguém conquistou com o seu esforço, assim, em segundos, me parece tão absurdo, quando na verdade é uma realidade, não só de São Paulo, mas do Brasil. Do mundo. Eu sou cheia de falar do quanto eu amo São Paulo, do quanto essa cidade é incrível, e é, realmente. Mas como curtir uma cidade tão maravilhosa quando se tem medo de sair por aí com um celular, câmera, dinheiro... ?
Quando o assunto é assalto, a questão sempre é: não reagir. Não importa, não reaja! Me parece burrice alguém arriscar a sua vida, vida que só tem uma, por bens materiais que se pode comprar novamente quantas vezes quiser. A vida SEMPRE vem em primeiro lugar, mandou passar a bolsa? Exite um pouco, mas dê, não reaja, não saia correndo ou bata no assaltante porque é pior! Mas me parece tão injusto alguém simplesmente chegar em você, e em dois segundos de medo, você está sem bolsa, celular, dinheiro, jóias... Vivemos num mundo em que sim, o crime é quem manda, e não podemos fazer nada se não um B.O. inútil que vai ficar arquivado, provavelmente, pra sempre.
Gente que rouba não tem nada, nada material, nada de espírito, são pessoas vazias, podres, não venham com a desculpa de necessidade porque desespero nenhum justifica fazer mal aos outros só para te satisfazer. Tirar algo a força de alguém só pelo dinheiro não vai te ajudar, dinheiro roubado não rende, talvez se você pedir por 2 reais dê mais lucro do que roubar uma pessoa. Eles que nos roubam, mas quem fica mais pobre são eles mesmos. 
Eu ando por São Paulo e vejo pessoas agarradas às suas bolsas, andando rápido, e nem sempre porque estão atrasadas, mas porque tem medo, e querem passar o menor tempo possível na rua. Eu vejo pessoas indo embora da cidade que tanto amam porque tem medo de viver aqui. A maioria das pessoas que são assaltadas, não tem excelentes condições, e isso é tão absurdo, tirar o pouco que alguém tem, pra que? Comprar drogas? Pagar dívidas? Ou por maldade?  Talvez quem vá embora de São Paulo não esteja errado.
Depois do que aconteceu hoje eu fico pensando se vale a pena viver em um lugar pela sua fama e beleza, como é o caso de São Paulo, quando se pode viver em paz numa cidadezinha do Sul, Nordeste, Centro-Oeste e até mesmo Norte. Será que vale a pena viver com medo, sair agarrando a bolsa; voltar correndo pra casa antes que escureça; não possuir itens caros ou que chamem atenção, só por um NOME. São Paulo é sim cheio de oportunidades, tem emprego e faculdade de sobra, tem museus e teatros, tem Shoppings em cada estação de metrô, tem o maior aeroporto, tem os principais pontos históricos, mas o que tem de belo, tem de CINZA.

Vai ver não existe amor em São Paulo, no final das contas.  







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