Aê, 2014!!! Feliz Ano Novo à todos. E olha só, primeiro post do ano, infelizmente, não um
post feliz.
Eu passei o réveillon deste ano com o meu namorado, aqui
na minha cidade mesmo, e apesar de tudo, foi legal, só de ter a companhia dele
e me sentir numa família, foi bom. E gostei de começar um ano que eu acredito
que vá ser um dos melhores da minha vida, ao lado de quem eu amo. ENFIM, o
posto não é sobre isso, mas sim sobre uma coisa chata que vocês estão cansados
de ouvir na tv, jornais e da sua mãe: Violência em São Paulo.
Eu moro na Grande São Paulo, mas a violência é no geral, da
periferia à zona sul, nenhum lugar é completamente seguro, ninguém é 100%
confiável, e nós, nunca estamos imunes a um assalto. Sim, assalto. Mas quem sai
pra roubar em pleno 1° de janeiro, às 7h30 da manhã? Talvez eu tenha dado azar,
talvez foi o destino, talvez eu não nasci pra trocar de celular, sempre roubam
eles antes que eu compre outro.
Eis a historinha: Eu estava na casa da família do meu
namorado, viramos a noite e saímos de casa cedo, ele estava esperando o ônibus
comigo, ia me trazer em casa, ok. Nós estávamos morreeeendo de sono, eu mesma
estava abraçada com o poste e nele porque não aguentava ficar parada, até que, vêm este
cara, uns 18, 20 anos talvez? Ele nos conta como foi a virada dele, que ficou
com mulheres, bebeu, fumou maconha, brigou, foi preso... E pergunta se temos
dinheiro, falamos que não, então ele tenta nos vender um celular (provavelmente
roubado), dissemos que não temos dinheiro, ele continua conversando até que
chega mais perto e diz que vai ter que levar meu celular, só eu estava com
celular, meu namorado não, então eu gelei, mas não fiquei com medo, foi mais um
“droga, mais um celular roubado”, eu dei pra ele sem discutir, sem falar nada,
como se fosse um presente. Como se eu quisesse dar a ele.
Não sei, quis compartilhar isso aqui, não consigo parar
de pensar nisso, não consigo parar de mentalizar mil e uma possibilidades de
ter reagido, de ter fugido, de ter dito “não!”, então eu penso, e se esse cara
tivesse machucado a mim ou ao meu namorado? Que começo de ano seria esse?
Graças a Deus estamos bem, fisicamente estamos perfeitos. Mas e o medo de sair
por aí e ser assaltada novamente? Eu não me sinto a vontade vivendo em um lugar
que eu não posso ter algum bem material, que pode ser tirado de mim a força A
QUALQUER MOMENTO. No primeiro dia do ano! Na calçada de casa!
Eu nasci e cresci em São Paulo, mas só de uns 2 anos pra
cá fui ter uma real noção do quão má as pessoas são. Tirar algo que alguém
conquistou com o seu esforço, assim, em segundos, me parece tão absurdo, quando
na verdade é uma realidade, não só de São Paulo, mas do Brasil. Do mundo. Eu
sou cheia de falar do quanto eu amo São Paulo, do quanto essa cidade é
incrível, e é, realmente. Mas como curtir uma cidade tão maravilhosa quando se
tem medo de sair por aí com um celular, câmera, dinheiro... ?
Quando o assunto é assalto, a questão sempre é: não reagir. Não importa, não reaja! Me parece burrice alguém arriscar a sua vida, vida que só tem uma, por bens materiais que se pode comprar novamente quantas vezes quiser. A vida SEMPRE vem em primeiro lugar, mandou passar a bolsa? Exite um pouco, mas dê, não reaja, não saia correndo ou bata no assaltante porque é pior! Mas me parece tão injusto alguém simplesmente chegar em você, e em dois segundos de medo, você está sem bolsa, celular, dinheiro, jóias... Vivemos num mundo em que sim, o crime é quem manda, e não podemos fazer nada se não um B.O. inútil que vai ficar arquivado, provavelmente, pra sempre.
Gente que rouba não tem nada, nada material, nada de espírito, são pessoas vazias, podres, não venham com a desculpa de necessidade porque desespero nenhum justifica fazer mal aos outros só para te satisfazer. Tirar algo a força de alguém só pelo dinheiro não vai te ajudar, dinheiro roubado não rende, talvez se você pedir por 2 reais dê mais lucro do que roubar uma pessoa. Eles que nos roubam, mas quem fica mais pobre são eles mesmos.
Eu ando por São Paulo e vejo pessoas agarradas às suas
bolsas, andando rápido, e nem sempre porque estão atrasadas, mas porque tem
medo, e querem passar o menor tempo possível na rua. Eu vejo pessoas indo
embora da cidade que tanto amam porque tem medo de viver aqui. A maioria das
pessoas que são assaltadas, não tem excelentes condições, e isso é tão absurdo,
tirar o pouco que alguém tem, pra que? Comprar drogas? Pagar dívidas? Ou por
maldade? Talvez quem vá embora de São
Paulo não esteja errado.
Depois do que aconteceu hoje eu fico pensando se vale a
pena viver em um lugar pela sua fama e beleza, como é o caso de São Paulo,
quando se pode viver em paz numa cidadezinha do Sul, Nordeste, Centro-Oeste e
até mesmo Norte. Será que vale a pena viver com medo, sair agarrando a bolsa;
voltar correndo pra casa antes que escureça; não possuir itens caros ou que
chamem atenção, só por um NOME. São Paulo é sim cheio de oportunidades, tem
emprego e faculdade de sobra, tem museus e teatros, tem Shoppings em cada
estação de metrô, tem o maior aeroporto, tem os principais pontos históricos,
mas o que tem de belo, tem de CINZA.
Vai ver não existe amor em São Paulo, no final das
contas.